Projeto prevê investimento de R$ 5 milhões para identificação das áreas mais promissoras para a produção eólica offshore e deve durar dois anos. Mapa mostra área do litoral brasileiro que terá potencial analisado para produção de energia eólica offshore Divulgação O Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), sediado no Rio Grande do Norte vai desenvolver um mapeamento eólico do Brasil de olho no potencial de produção dessa energia offshore, ou seja, no mar. Segundo o órgão, o mapeamento deverá ser o maior já feito no país e será realizado a partir de um convênio assinado com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). O projeto terá duração de dois anos e prevê investimento de R$ 5 milhões para identificação das áreas mais promissoras à implantação de parques eólicos na Margem Equatorial Brasileira. A região abrange seis estados, incluindo o Rio Grande do Norte, onde equipamentos de medição serão instalados nas regiões de Areia Branca e Touros. O estado lidera a geração de energia eólica em terra no país e é um dos que mais têm investimentos programados, inclusive no offshore, com os primeiros projetos à espera de licenciamento. Projeto Formalizado no final de dezembro, o convênio com o MCTI foi detalhado nesta terça-feira (4) pelo Instituto. A área total inserida no levantamento corresponde a 38,6% do litoral brasileiro e também inclui os estados do Ceará, Piauí, Maranhão, Pará e Amapá. O projeto prevê a identificação das melhores áreas de potencial eólico para fomentar o desenvolvimento de projetos de usinas e, além disso, auxiliar os fabricantes de equipamentos a dimensionarem aerogeradores, torres e fundações adequados ao perfil de vento do país. Os trabalhos incluem medições de velocidade e direção dos ventos em pontos estratégicos e o mapeamento de áreas para projetos eólicos offshore. RN firma acordo e deve ser primeiro estado a produzir energia eólica no mar RN dá início a estudos para construção de porto-indústria no mar Energias limpas: RN inicia instalação de equipamentos para análise dos ventos e radiação solar Maior produtor do país na área, RN vai estocar energia eólica Impacto Segundo o ISI-ER, o projeto ajuda a consolidar estudos concluídos e em curso sobre o offshore em áreas que já são grandes polos de investimentos do setor em terra no país - como o RN e o Ceará -, mas também contribui para suprir o vazio de dados que existe sobre o potencial de geração especialmente na região Norte. “O RN será o maior produtor de energia do Brasil. Isso está nas evidências e nos estudos já realizados, inclusive a respeito do potencial offshore, que é imenso. O fato do nosso ISI-ER capitanear esses estudos mostra que o país está de olho no que está acontecendo aqui em termos não somente de produção, mas também de tecnologia para o setor. Detemos o principal HUB de Tecnologia e Inovação quando o assunto é energias renováveis”, defende Amaro Sales, presidente do Sistema Fiern. A expectativa é que as estações de medição do projeto sejam instaladas ainda no primeiro semestre de 2022 e que os resultados sejam reunidos em um Atlas. Produção de energia eólica Reuters via BBC “A gente está construindo um pacote de informações que ajuda na captação de investimentos, que mostra com clareza qual é o potencial produtivo da região. E o inusitado do projeto é que trata de uma fronteira completa do Brasil com números reais e não estimativas, com dados medidos e não ensaiados”, diz o diretor do ISI-ER, Rodrigo Mello. Antonio Medeiros, coordenador de P&D do Instituto, observa que a área que será mapeada já é considerada de interesse estratégico para o Brasil na exploração de petróleo e a inserção de novas fontes renováveis de energia pode levar mais oportunidades de investimentos e de desenvolvimento sustentável. “É um trabalho que tem como potenciais benefícios a diversificação da matriz energética, a garantia de fornecimento de energia com fontes limpas, a possibilidade de combinar a exploração de petróleo com alimentação elétrica de aerogeradores - ajudando não só a suprir o desenvolvimento da área, mas também a mitigar os efeitos dessas atividades em um momento em que todas as empresas de petróleo do mundo buscam fazer descarbonização dos seus processos”, observa o pesquisador. A avaliação de variáveis meteorológicas e energéticas especialmente na região Norte, segundo ele, é fundamental. “Porque é uma região de muito interesse para o mundo inteiro e as pessoas precisam saber o que pode ser desenvolvido”. No Amapá, serão instaladas estações nas localidades de Oiapoque, Goiabal, Ferreira Gomes, Macapá, Santana, Laranjal do Jari e Estação de Maracá-Jipioca. Medições O ISI-ER foi a primeira instituição no Brasil a medir em campo o potencial de geração eólica offshore. Este será o quinto mapeamento do tipo que o Instituto realiza. Entre os trabalhos no portfólio estão estudos das Bacias Rio Grande do Norte-Ceará e do Rio de Janeiro para a Petrobras, além do Atlas Eólico e Solar em execução para o governo do Rio Grande do Norte. O offshore é objeto de pesquisas do Senai-RN há mais de 10 anos e, para investidores dessa indústria, começa a despontar com força como possibilidade de negócio. Atualmente, 23 projetos estão em processo de licenciamento ambiental no Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). São parques eólicos previstos para sete estados, principalmente no Nordeste, com potência somada de 46,63 Gigawatts (GW) – mais que o dobro da capacidade total instalada em terra no país, que, segundo informações da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), chega a 20,10 GW. Ainda de acordo com o Senai, um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), estima que o setor tem potencial de gerar quase o dobro de empregos temporários e aproximadamente cinco vezes mais empregos permanentes que os parques eólicos onshore, em terra. Veja os vídeos mais assistidos no g1 RN
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